Considerando a situação experimentada durante a pandemia do COVID-19, ficou clara uma necessidade de aumentar os espaços públicos na cidade, de forma a evitar a saturação dos mesmos, fazendo com que todos possam se apropriar deles de maneira segura.
Para que esses espaços não sejam subutilizados, os usos devem ser distribuídos de acordo com o local e as demandas de onde estão inseridos, fazendo com que tenham seu lugar fundamental no projeto, formando uma malha urbana permeável e flexível. Através de construções de alturas distintas-se atingir um equilíbrio entre os espaços vazios e as edificações. Lojas, bares, restaurantes e outros comércios locais no nível térreo fazem com que o movimento e a circulação de pessoas sejam constantes, mantendo os espaços vivos, e criando relações do usuário com o local onde está inserido.
Em Carr et al. (1992, p. 138) são identificadas três formas de acessos aos espaços, sendo elas: 

1 Acesso visual: A possibilidade de ver através de um ambiente, e tem dois papéis determinantes, dar a oportunidade de decidir se o local é confortável, acolhedor e seguro e, também serve como transição entre o espaço público e o espaço privado.

2 Acesso simbólico: Diz respeito ao lado psicológico. Por exemplo, se tem um determinado grupo “suspeito” em um local, automaticamente isso tende a alterar o modo que outras pessoas irão ocupar o espaço, ou a presença de uma loja específica, que tende a atrair um público específico. Pensar nessa questão é importante na concepção de espaços que procuram atrair uma grande variedade de públicos, já que não devem criar um sentimento de exclusão em determinados grupos, e sim de acolhimento e pertencimento em todos eles.

3 Acesso físico: trata diretamente de como o espaço se apresenta ao público.

Para Montgomery (1998), esse acesso se divide em duas frentes, o acesso ao local, que pode ser feito de carro, transporte público ou até mesmo a pé, e a permeabilidade do espaço. Sendo este segundo de grande importância, já que as pessoas tendem a estar menos dispostas a andares longas distancias. Segundo seu ponto de vista um tecido permeável gera mais vida nas ruas, trazendo movimento para dentro das quadras. Em Morte e Vida das Grandes Cidades, Jane Jacobs também defendia a importância de um tecido permeável vivo.
A partir das questões apresentadas, foi desenvolvida uma proposta de desenho urbano que tem como foco o projeto de espaços públicos de qualidade. Novas quadras foram desenhadas a partir de uma malha viária existente, e o uso misto é o principal responsável por trazer diversidade de usos e ocupantes para o novo local que surge na cidade!

Você agora entrará no Masterplan Santo Amaro, conhecendo todas as suas etapas de projeto, desde as primeiras ideias fundamentais para sua concepção, as os primeiros ensaios, até a formalização das estratégias utilizadas e finalmente sua espacialização, finalizando com um detalhamento aproximado de como ficaram os blocos que o formam! Vamos lá!
MEMORIAL
Com base nas estratégias apresentadas no capítulo anterior, foi desenvolvido o novo plano de ocupação para a área.
Após a identificação dos principais equipamentos urbanos do entorno, uma constatação é a necessidade de uma escola de ensino infantil mais perto da área, principalmente devido a nova demanda de habitantes que a região abrigará, assim como uma nova Unidade Básica de Saúde.
Com base em referências estudadas, foi proposta a divisão da área em três setores principais, com programas de uso misto, mas de forma que fosse atribuído um foco programático diferente a cada um deles, fazendo com que cada setor tenha uma identidade única, mas que ao mesmo tempo se relacione com todos os outros.
O intuito foi criar um projeto que não fizesse com que o bairro perdesse sua característica horizontal de forma abrupta, simplesmente implantando edifícios altos, que impactassem no sombreamento e na ventilação das construções existentes, e sim criar uma graduação entre as alturas. Como a área próxima da Marginal Pinheiros é afastada de qualquer construção existente, foi o local escolhido para locar as edificações mais altas sem que fosse prejudicial, e liberando o espaço intermediário para criar essa gradação de alturas.
Outro motivo pela escolha de locar as torres mais altas próximas da Marginal é a possibilidade de ser um lugar que possibilita oferecer belas vistas, razão esta também que foram locados rooftops nas coberturas dos prédios altos, e um mirante que conecta duas torres.
Uma tendência que está chegando nos empreendimentos brasileiros agora, mas que já vem sendo muito usada fora, é o aproveitamento das coberturas como áreas de convivência de uso dos residentes, liberando os espaços térreos para outros usos como o comercial por exemplo, e o interior do edifício para locar mais unidades, dessa forma acrescenta-se mais uma categoria de espaços de convivência no projeto, os semi-privados, que são aqueles reservados exclusivamente aos residentes do bloco.
Essas coberturas são propostas em diversos edifícios, inclusive, nas residencias estudantis, a conexão com essas áreas se dá através de uma passarela que conecta um prédio a outro.

Seja bem-vindo ao Masterplan Santo Amaro!
-Raphaela Rodrigues

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